sábado, 12 de abril de 2008

Fazendo Doer O Que Dói

Há muito tempo atrás, existia um escravo que trabalhava no cafezal de uma enorme fazenda pertencente a um riquíssimo latifundiário.

O escravo era improdutivo, pois trabalhava com desgosto, movido às chibatadas que levava quando era colocado no “tronco de castigos”. Por ser tão desinteressado, teve de passar por isso diversas vezes.

Um dia, o dono da fazenda chamou-o e lhe promoveu para um trabalho mais simples: controlar o gado na aragem da terra para o plantio de café. O senhor da fazenda deixou bem claro ao escravo que era para ele melhorar seu rendimento, senão seria castigado novamente.

Passaram-se cinco meses e o escravo só havia piorado seus resultados e, chamado mais uma vez à presença de seu senhor, teve a oportunidade de se justificar.

Querendo se livrar da culpa por ser tão indolente, jogou toda a responsabilidade para cima do boi que cuidava, acusando-o de ser forte, mas preguiçoso. Para mostrar uma falsa dedicação ao fazendeiro, o escravo disse que tentava melhorar o rendimento do animal com chibatadas. O rico latifundiário então o exortou:

— Você é como esse boi: forte, mas preguiçoso. Entretanto, você teve a chance de melhorar seu trabalho sem que eu lhe cobrasse empenho com castigos, enquanto que o pobre animal sofreu ininterruptamente nas suas mãos, sem chances de poder realizar sua função perfeitamente.

O escravo logo abaixou a cabeça e reconheceu que fizera mal, pedindo que fosse castigado para compensar o trabalho mal feito. Entretanto, o fazendeiro lhe deu mais uma chance de mudar seu comportamento, poupando-lhe de mais um castigo, dizendo:

— Não bata no animal e verás que seu trabalho será muito mais eficiente.

Daí por diante, o escravo parou de ser preguiçoso e de bater no boi – seu “colega” de trabalho.

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